Note que as cores no espectro correspondem às cores
dos números na série. Balmer até determinou um termo geral para a série, desde
que não começasse de n = 1 ou n = 2 e que n seja um número natural. Pode
parecer estranho o fato de a série de Balmer começar para n = 3, mas algo
semelhante ocorreu com as demais séries, começando por naturais de dois a sete.
E não é que as experiências demonstraram existir
esses comprimentos de onda na região do ultravioleta? Ponto para o Balmer. Depois
do Balmer, outras séries foram encontradas para emissões no ultravioleta por
Lyman e no infravermelho por Paschen, Brackett, Pfund e Humphreys.
Percebendo isto, um físico sueco de nome Johannes Rydberg propôs uma modificação em termos de uma constante matemática comum aa todas as séries. A modificação feita por Rydberg, em 1888, no termo geral da série de Balmer foi a seguinte: ao invés de trabalhar com comprimento de onda, ele preferiu com o inverso desta grandeza (1/λ). Assim a expressão entre parênteses em função do “n” fica mais apresentável.
Rydberg conseguiu que seis diferentes séries matemáticas
fossem representadas por uma mesma expressão. Sem importar o fato de elas
possuírem diferentes termos iniciais, mas todas são proporcionais a um mesmo número
(a constante de Rydberg), “n1” muda de uma série para outra, “n2”
pode assumir valores naturais dentro de uma mesma série, mas sempre maiores que
“n1”.
Note que estou te apresentando conceitos sobre a
luz e como ela interage com a matéria de uma forma sequencial. Desde o fenômeno
da refração chegarmos à constante de Rydberg. E qual a relação da constante de
Rydberg e os átomos? Em 1888, nem ele fazia ideia. Ninguém, na verdade, fazia
ideia. Até Bohr entrar em cena. Mas para o trabalho de Bohr fazer sentido,
ainda resta uma pessoa para citar.
A penúltima contribuição que permitiu a Bohr montar
o modelo dele veio em 14 de dezembro de 1900. Quando Max Planck propôs uma
explicação moderna para a radiação de corpo negro. Com moderna eu quero dizer que
a explicação foge dos conceitos até então conhecidos. Este “antigo” corpo de
conceitos hoje é chamado de física clássica. Mas o que vem a ser um “corpo
negro” dentro das ciências da natureza?
Você já esteve febril e alguém precisou medir a sua temperatura? Usaram um termômetro tradicional com bulbo (ponta arredondada) e preenchido por mercúrio. Durante a pandemia, devido à necessidade de evitar contatos físicos, muitas pessoas usaram termômetros mais modernos. Com um leitor e apontado para uma parte do corpo de alguém, era possível saber a temperatura da pessoa. Da mesma forma, usamos este princípio em siderurgia e na observação de estrelas.
Termômetro digital.
Desde Kirchhoff sabe-se que um corpo emite luz em
diversas frequências do espectro e que a frequência de maior intensidade
emitida está relacionada com a temperatura do corpo. Assim, por exemplo,
sabemos a temperatura de corpos muito distantes como o sol ou muito quentes
como metais derretidos sem qualquer risco à saúde de quem mede a temperatura.
A temperatura da superfície do sol é próxima de 5500 °C. |
Durante muitos anos as ciências da natureza não
apresentaram uma solução para o fenômeno da radiação de corpo negro, até que
Marx Planck começou seus estudos sobre o corpo negro. Esta explicação utilizou
a ideia de que a luz possui uma energia associada à sua frequência e se
armazena em pacotes chamados quantum, no plural é quanta. Mas só se manifesta
em múltiplos inteiros desse quantum.
Planck, ao introduzir a Constante de Planck, como
mero recurso matemático, determinou a quantização da energia, o que mais tarde
levou à teoria quântica que, por sua vez, rumou para o estudo e surgimento da
mecânica quântica.
Nossa última etapa é o efeito fotoelétrico. Segundo
o google, “o efeito fotoelétrico é a emissão de elétrons por um material,
geralmente metálico, quando exposto a uma radiação eletromagnética (como a luz)
de frequência suficientemente alta, que depende do material, como por exemplo a
radiação ultravioleta.”
Diagrama descrevendo a transferência de energia da
luz para os elétrons.
Em outras palavras, quando a luz entra em contato
com uma superfície, ela é capaz de transferir energia para o elétron, fazendo
com que ele escape do material, gerando assim, uma corrente elétrica. Este
fenômeno foi identificado por Philipp von Lenard em 1900, ao trabalhar com
raios catódicos gerando luz ultravioleta, descoberta que lhe ajudou a receber
um prêmio Nobel em 1905.
O conhecimento de eletromagnetismo desenvolvido
durante o século XIX era simplesmente incapaz de explicar o fenômeno. Segundo a
teoria da época, quanto maior a potência da lâmpada usada no processo, maior a
energia cinética dos elétrons arrancados, mas isto não ocorria. Apenas
aumentava a quantidade de elétrons retirados do material.
Coube a Albert Einstein, em 1905, explicar a
ocorrência do efeito fotoelétrico. Explicação que lhe rendeu um prêmio Nobel,
em 1921. Contra todas as possibilidades para a época, Einstein vinculou a
hipótese quântica de Planck ao fenômeno do efeito fotoelétrico, a emissão dos
elétrons de metais quando são expostos à radiação ultravioleta.
Philipp von Lenard (1862 a 1947)
Einstein apontou que todas as observações se
encaixavam caso o eletromagnetismo fosse quantizado, e que luz consistiria em
feixes (ou pacotes) de energia de magnitude hf, onde h é a constante de Planck
e f é a frequência da luz incidente. Estes pacotes foram mais tarde nomeados de
fótons por Lewis, e esse termo passou a ser
utilizado. Einstein viu o efeito fotoelétrico como resultado de uma colisão
entre um projétil de entrada, um fóton de energia hf, e um elétron presente no metal.
Albert Einstein
(1979 a 1955) em 1921.
Já imaginou como seria problemático esperar alguém
acender ou apagar as luzes dos postes de uma cidade ao anoitecer ou amanhecer?
Seria impraticável. Para isto temos os relés fotoelétricos, que controlam
quando a luz de cada poste acende ou apaga. Por isto, postes sob árvores são os
primeiros a acender e os últimos a apagar.
Iluminação pública, uma aplicação do efeito
fotoelétrico.
Um relé fotoelétrico (ou fotocélula) é um
componente eletrônico capaz de responder eletricamente às variações de
intensidade da luz que incide sobre ele, sendo acionado ao captar uma
determinada intensidade luminosa (natural ou artificial), liberando ou
interrompendo a energia que vai para a carga destinada.
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