Este mês o blog completa dez anos de existência. Existência esta que agraço ao blogger, pois passei anos sem alterá-lo ou ler comentários. Precisou de uma pandemia e a consequente reclusão forçada seguidas de um certo tédio para me forçar a novas (ou velhas e abandonadas) atividades.
Nesta década que se passou, como seria de se esperar com qualquer outro ser humano vivo, muito mudou na minha vida. Mudei de cidade, de companheira, acrescentei hábitos à vida que julgava difíceis de acrescentar e outros abandonados mais difíceis ainda de retomar. Amizades foram perdidas, seja por política (mudou e muito o país) ou por discussões bestas. Uma delas foi retomada e mantenho o apreço que tinha antes. Novas amizades foram forjadas sob uma mistura ímpar de cerveja, jogos de tabuleiro e aquele bom e velho rock and roll.
A vida profissional teve seus altos e baixos para, enfim, estabilizar. Não em um patamar desejado em 2009, mas que me dê a tranquilidade para elevá-lo sem medo de um escorregão. Planos novos foram desenvolvidos e abandonados à medida que outros surgiam. Alguns nem colocados em prática foram, outros ainda tentam ganhar a realidade apesar da dificuldade que encontro para executá-los.
Conheci neste período três criaturinhas não humanas que mudaram consideravelmente a minha vida e a forma como a encaro. Trouxeram cada uma delas consigo uma perspectiva única que eu sabia existir, mas não considerava incorporá-las à minha própria vida. Enfim, elas me fizeram mudar de ideia em relação a isto.
Os cabelos brancos eram minoria e agora são maioria entre aqueles que a calvície me permitiu manter. O cabelo cresceu, branqueou, raleou, raspou e agora fica como a natureza me permite, necessariamente nesta ordem.
O futebol (Flamengo na verdade) me deu poucas, mas bem aproveitadas alegrias. Vi acontecer nesta última década aquilo que a minha versão adolescente no fim do século XX já imaginava como necessário para o "clube do coração" não perecer ou ver os grandes títulos rarearem. Eles, os títulos, rarearam mesmo. O remédio da recuperação foi amargo, a zoação adversária foi considerável. Mas o sabor da vitória veio... a galope, atropelando toda a frustração acumulada nos nove (ou trinta e oito) anos anteriores.
Não há um saldo a se calcular... mesmo quando algo (material ou não) foi perdido houve aprendizado. E tal aprendizado não é mensurável ou computável em calculadora.
As redes sociais vieram para ficar. O orkut, minha preferida à época, nem existe mais e é uma lembrança distante. Hoje nenhuma é minha preferida e, mesmo assim, uso algumas delas para manter contato com aqueles por quem tenho apreço... e com os que não tenho também, mas são contatos ainda assim pela simples ausência de motivos para cortar o contato.
Comecei este texto com a honestíssima ingenuidade de que resumiria meus pensamentos no segundo parágrafo e concluiria com alguma mensagem "chave de ouro" no terceiro. Isto não aconteceu. Nada de relevante me ocorre à mente para aqui acrescentar e não pretendo salvar para completar em outra ocasião. Neste exato momento que aqui digito isto prefiro que fique assim, pois é isto que representa: parte de jornada. Nem meio, nem fim. Apenas um capítulo, abraço e até abril de 2030. Ou antes, ou depois.