As palavras que seguirão a este início de texto são uma tentativa inócua de convencer aquele que, em hipótese alguma, aceitará tais argumentos. Mesmo assim, o blog é meu, então digitarei. Sou um ateu que não valoriza e não aceita facilmente qualquer norma ou conceito impostos pela sociedade, exceto um: a dedicação ao futebol. Os poucos que convivem, conviveram ou conviverão comigo fazem ideia quando eu digo que SOU FLAMENGUISTA. Pois, na minha opinião, torcer (o que não significa distorcer a realidade) para um time de futebol é algo que vai além do direito de escolha, ou, como os cristãos dizem: o chamado "livre arbítrio".
Da mesma forma que o ser humano é motivado por inúmeras paixões e desejos, a relação que o mesmo tem para com o futebol e sua característica ímpar para com os demais esportes é algo de deixar a mais dedicada das beatas com inveja considerável. E, seguindo na mesma linha de raciocínio de uma beata, não fosse eu um ateu, minha religião (se existisse) seria o Flamengo.
Considerando o fato de o clube não pagar minhas contas, a dedicação em tempo integral é algo desprovido de sentido. Mas é aí que entra a característica principal do torcedor: a de dedicar-se à sua própria maneira. No meu caso, procuro me informar de tudo que me é possível acerca do Flamengo. Jogo então, não perco um. E faltam palavras para descrever o sofrimento que é acompanhar uma partida de futebol pelo rádio, o que dirá uma de basquete, sinto a morte chegando aos poucos, sem exageros.
Não falo por todos, pois sei o que é a moda de torcer pelo que vence, ou, pelo menos, aparecer para os amigos. Mas, torcer de verdade, ou "com o coração" (o que não significa diferença em relação a torcer de verdade), como dizem alguns por aí, é algo que, na minha opinião, poucos fazem por aí. Independente de certos ou errados, felizes ou infelizes em suas escolhas, as fazem e com a maior satisfação.
Lembro nesse momento de uma conversa com meu saudoso pai na qual me dizia que devia torcer quieto, pois esbravejar "ser flamengo" é vontade de aparecer. Bom, concordo que há uma certa razão neste raciocínio. Quem é Flamengo, conhece antes de qualquer coisa, a história do clube. E, conhecendo, se rende ao fato de não superar a dedicação de um ex-presidente que morreu de enfarto e solitário (em um corredor de ginásio) ao ver o clube conquistar um título de campeão estadual de basquete (nem foi de futebol) em uma cesta nos segundos finais de um torneio que seria o quinto de uma sequência de dez consecutivos na década de cinquenta.
Posso não provar e não deixar arquivado como é, dia após dia, torcer para algo que não acrescenta em minha vida e não me tornará mais rico. Mas digo, com todas as letras, é bem melhor quando se acompanha algo que todos, sem exceção, reconhecem existir. Flamengo sempre, por toda minha vida, até o fim dela e mesmo que me convençam do contrário.
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